terça-feira, 22 de julho de 2014

Escola - reduto da música brasileira

Quando Getúlio Vargas tornou obrigatório o ensino de música nas escolas, no início dos anos 1930, um rapazinho albino do interior da Paraíba, em Itabaiana, começou a aprender os primeiros rudimentos de uma arte que o faria mundialmente conhecido nas décadas seguintes. A história de Sivuca (1930-2006), o sanfoneiro que levou o instrumento de fole para orquestras da Europa, é semelhante a dos músicos de origem humilde de sua geração, nascidos nos grotões do interior do Brasil.

Na escola ele assimilou as noções básicas de ritmo, melodia e harmonia – um arcabouço que facilitaria mais adiante a sua aprendizagem autodidata do acordeom. Em sua história, Sivuca lembra ainda que as aulas no colégio lhe despertaram, pela primeira vez, a existência de outras terras e outros povos e outras línguas, e o desejo de conhecê-los. Sua obra sinfônica deixa um legado de profundo amor pela cultura nordestina e de estudo, pesquisa e refinamento dos seus elementos populares.

O desenvolvimento de uma humanidade mais igualitária, solidária e fraternal (o que me soa, em última análise, o desejo mais íntimo de todos) passa necessariamente pela aprendizagem da música, e outras artes, nas escolas públicas. Resultado de uma prática coletiva ao longo da história, substrato de uma cultura e elemento ímpar na formação da nossa identidade, a música oferece mecanismos para ampliar e harmonizar os canais de comunicação entre as pessoas e as sociedades – numa época em que lidar com as diferenças virou peça-chave de sobrevivência nas sonoras (e barulhentas) selvas urbanas.

O artigo completo sobre a realização do "Sanfona é Cultura Popular nas Escolas" pode ser acessado no site Brasil de Tuhu.


domingo, 13 de abril de 2014

Relativo, ou não

Vivemos um tempo em que todo mundo diz: tudo é relativo. Um bom argumento, aliás, para se evitar qualquer caminho mais honesto rumo ao desconhecido, pois, ao que parece, o relativismo conseguiu sepultar a ideia de filosofia como a busca da verdade. Afinal, a verdade só poderia ser relativa (quando muito adjetiva, no sentido de que isso ou aquilo ser verdadeiro, mas jamais substantiva ou substancial). Ocorre que não é muito difícil perceber o paradoxo e mesmo a incognoscibilidade da expressão "tudo é relativo", pois se "tudo é relativo", essa própria assertiva em si já é passível de ser relativizada, portanto, fato é: nem tudo é relativo.