Se acreditamos que “tudo é relativo”, precisamos, então, compreender: a própria sentença “tudo é relativo” é, também, passível de ser relativizada. Ou seja, nem tudo é relativo.
Do mesmo modo, temos o ditado “nunca diga nunca”. Ora, se nunca pudermos dizer nunca, jamais poderíamos afirmar “nunca diga nunca”.
Tantos outros exemplos nos sugerem os limites da linguagem verbal, em seu intuito de descrever as percepções do ser humano quanto à essa louca experiência chamada “realidade”.
Como tradução mais palpável de nossa mente, a linguagem, na medida em que se aproxima do horizonte dos inexplicáveis da vida, começa a dar tilt... como se não pudesse, enfim, dar conta desse “além”, que tanto nos fascina e atormenta.
Daí, a poesia: esse afã de dizer o indizível, de nomear o inominável, de distorcer as palavras, ansiando transmitir algo que, por sua própria condição, parece nos soar intransmissível.
E, quando nos deparamos, na hora certa e no momento certo, com um poema que nos aclara, com uma música que nos elucida, com uma imagem que nos revela, alcançamos um estado tão excitante e incomum que... silenciamos. A arte se expressa a uma profundidade que nos cala.
A estesia diante de algo belo e tocante nos faz ficar quietos como um susto, nem que seja por um instante, um pico de silêncio em meio aos barulhosos deveres do cotidiano.
Desse silêncio, mesmo que raro, muito se decifra. Me faz lembrar os famosos versos do poeta místico Rumi: “o silêncio é a linguagem de Deus, todo o resto é má tradução”.
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