quarta-feira, 22 de outubro de 2008

ADEUS A JULINHO DO ACORDEON



Sim, os jornais não noticiaram.


Afinal, já há bastante tempo Julinho do Acordeon tornara-se um ilustre desconhecido. O reconhecimento de sua arte, nos últimos anos, se mantinha restrito ao grupo de amigos e amantes da sanfona.


Cearense de nascimento, Julinho experimentou o sucesso entre as décadas de 50 a 80. Rodou o mundo com sua sanfona característica, em forma de "máquina de escrever", e esteve ao lado de grandes nomes da música brasileira, como João do Vale - um dos maiores parceiros e incentivadores, Clara Nunes, Chinoca, Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Carmélia Alves e Sivuca, entre muitos outros.


Quem o via andando devagar pelas ruas de Copacabana, onde morava sozinho num apartamento na Barata Ribeiro, jamais imaginaria o manancial musical daquele homem, caído no ostracismo e falecido em 10 de outubro de 2008, no alto de seus 87 anos.


Mesmo com a saúde debilitada, Julinho planejava gravar mais um disco. Ou seja, deve existir muitas partituras inéditas, além de fotos e discos, a serem descobertos - um acervo importantíssimo para a memória da cultura brasileira.


Uma das últimas apresentações do sanfoneiro - senão a última - foi realizada na praça Afonso Pena, na Tijuca, em maio deste ano, num encontro de sanfoneiros promovido pelo SESC Rio. O registro está na foto acima. Haja vida e vigor para empunhar uma sanfona!


Sob uma brisa fria, protegido por um guarda-chuva e para uma platéia de pouco mais de dez pessoas, Julinho tocou uma bela canção francesa, relembrando os bons tempos em Paris. Os espectadores presentes, que resistiram à intempérie da noite, sabiam que estavam diante de um momento especial. E agora com sabor de saudade.


6 comentários:

Anônimo disse...

Vai deixar muita saudade, o grande JULINHO,de quem com muito orgulho, sou sobrinho e admirador eterno. Tive o previlégio de ve-lo praticando e escrevendo músicas pela casa do meu pai (seu irmão) e pela minha, aquí no Ceará, alguns meses antes de sua partida.
Fica com deus, grande tio Julinho.
James Costa Sampaio

Fernando Gasparini disse...

Valeu, querido, que a memória da cultura brasileira reserve um lugar de honra para este grande sanfoneiro.

Fernando Gasparini disse...

Valeu, querido, que a memória da cultura brasileira reserve um lugar de honra para este grande sanfoneiro.

Abi. disse...

Sou filha de um primo legitimo do Julinho, Abgail de Aguiar,filha de Francisco Bastos de Aguiar(Domicio Aguiar)Fazenda Conceição,Itapagé,Ceará.Lembro-me meu pai vindo da fazenda pra ver Julinho,aqui em Fortaleza,no Festival que ouve aqui no teatro José de Alencar,o orgulho do meu pai de ter um primo tão famoso...
Vai com Deus Julinho,vc jamais será esquecido...

Unknown disse...

julinho o grande mestre da safona meu conterrano tive o prazer de ve-los tocando uma vez. sou de s. quiteriaCE

lucianohortencio disse...

Julinho do Acordeon - BAIÃO MACUMBA - Julinho - Evaldo Gouveia.
Disco Sinter 00-00.322-A.
Ano de 1954.
Disco constante do Arquivo Nirez.
Coisas que o tempo levou.


https://www.youtube.com/watch?v=1xwkcSS8qg4