quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

O DEMÔNIO DO SEDENTARISMO

No dia em que Fernando parou de comer carne, correu de noite sozinho em um descampado cinzento, que mais se parecia a um antigo cemitério de bois e vacas. Os chifres dos animais repousavam sobre as lápides improvisadas de terra, no lugar onde comumente estaria a cruz.

No meio do terreno, um jornalista gordo (não sei por que Fernando deduziu que se tratava de um jornalista), vestindo uma roupa de couro marrom e fedorenta, de barba e cabelos jamais aparados, sentado numa cadeira de balanço, folheava um jornal velho e o olhava fixamente.

Fernando demorou alguns segundos para perceber que estava dentro do seu intestino.

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