domingo, 20 de janeiro de 2019

PALHOÇA MIGUELENSE

Os bois pastam. Os homens também.

Das mais nobres às mais humildes, as árvores aos milhares foram arrancadas da terra originária, em menos de quarenta anos, dando lugar à pastagem ressecada do gado.

Não há mais cachoeiras nem onças no bairro Cachoeira da Onça. O felino não encontrará mais abrigo na comunidade da Toca da Onça.

As nascentes findam, os animais nativos morrem. Quase não chove, desde a última enchente de 2013. O calor é próximo ao insuportável e as previsões no curto prazo são de seca e de perda de lavouras.

Enquanto isso, miguelenses celebram o natal comendo carne carbonizada e bebendo cerveja gelada e reclamando da crise. Muitos oram para um deus longínquo, e parecem esquecer que a mudança, se vier, só pode estar ao alcance das próprias mãos.

Repete-se em uníssono na igreja: “rogai por nós, pecadores”.

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