quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A CIÊNCIA DE OBSERVAR

Uma das práticas mais elementares da Yoga consiste em: observar a respiração.

Numa época em que um vírus vem aniquilando milhares de corpos por falta de ar, quem sabe não seja uma oportunidade para nós, que ainda respiramos, dedicarmos alguns minutinhos do dia de hoje para examinar de perto esse involuntário movimento dos pulmões, de absorver oxigênio, alimentando nossas células, e expelir gás carbônico, eliminando toxinas.

Os físicos do início do século passado se surpreenderam ao constatar que o ato da observação altera significativamente o objeto observado, no caso, os elétrons de um fóton. É o chamado “efeito do observador”, que tem se confirmado em experimentos mais recentes no universo dos átomos. Mas, isso não é novidade para a milenar ciência da meditação.

E você pode tirar suas próprias conclusões, aqui e agora. Não é preciso estudar longos compêndios nem empreender elucubrações teóricas para atestar: basta alguns poucos minutos observando a sua respiração e você irá percebê-la tornar-se mais lenta, calma e profunda. Faça o teste!

E, nesse ínterim, quando surgirem (e vão surgir) os inquietantes pensamentos, memórias do passado, temores do futuro, cenas eróticas, desejos obscuros, ganâncias, fomes e psicodelias variadas etc., aproveite também para: observá-los, sem julgamentos.

Observe os pensamentos que irrompem como um expectador de si mesmo, como quem assiste a um filme, sem se envolver ou se identificar demais com nenhuma imagem, sentimento ou sensação. E, aos poucos, sem forçar a barra, volte à observação do ato respiratório.  

Em alguma altura, você poderá se perguntar: quem observa a mente? Sou eu. Mas... quem sou eu? Ótima pergunta! Não tenha pressa em obter uma resposta. Certamente, você é algo que está além do seu nome, da sua profissão, dos seus laços familiares. Alguns neurocientistas já estudaram a chance de haver uma consciência, que está além da mente, e a observa. É aquilo que os espiritualistas chamam de alma ou espírito.  

E, por fim, serotonina liberada, arrisque-se a... dar um sorriso, brando e silencioso, em gratidão ao mistério da vida. Nesse planeta tão vasto e estranho, navegante de estrelas e galáxias incomensuráveis, testemunhamos a existência de um ar invisível, que penetra o desconhecido corpo que habitamos, e nos conecta a insondáveis elementos que formam a existência. Não é incrível?

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