segunda-feira, 26 de abril de 2021

Lavar vasilhas

Na alta solidão da noite vazia,
quando as quietudes se aconchegam,
eu lavo vasilhas.
Esfregando a bucha nos talheres,
eu penso em poesia,
e lavo.
Os convites que não chegaram,
as ligações não atendidas,
a festa em que eu não fui,
o que importa?
Espumas de sabão deslizam
sobre as águas sujas da pia,
descem pelo ralo...
Não, não é melancolia,
são os pires e as xícaras de chá no escorredor da vida,
a tilintar no silêncio, que, aos poucos,
me apropria.

Nenhum comentário: